sábado, 29 de janeiro de 2011

O alojamento


Eis que, no final da última semana de janeiro, recebo um email da secretaria de alunos (ou algo do tipo) da Tokyo Tech sobre o alojamento. Dos bolsistas monbukagakusho desse ano, os primeiros a receberem a confirmação da aprovação e as informações de alojamento foram os da Toudai (imagino que, como eles devem ter muitos alunos extrangeiros, o processo acaba começando mais cedo). Eu e o Pedro (que também vai pro Tokyo Tech) recebemos a notificação do alojamento no mesmo dia, e vamos ficar no mesmo alojamento (em quartos separados).


Na Tokyo Tech, pelo que pude entender, nós não temos opção de escolha: eles lá fazem a seleção de quem vai para onde (não sei como isso é feito, mas provavelmente leva em consideração o tipo de bolsa, e eventuais recomendações do ministério da educação.)

O alojamento onde me reservaram um dormitório foi o Tokyo International Exchange Center, um alojamento da JASSO (Japanese Student Services Organization) que fica na Baía de Tokyo, na badalada ilha de Odaiba (para desespero dos nossos pobres bolsos haha). Fui alocado no dormitório B0919. No mapa abaixo, o ponto A marca o local do alojamento. (Para ver no Google Maps, digite "135-8630, Japão"; esse é o "CEP" de lá.)


Segundo as informações da universidade, o quarto possui 30m2, e vem mobiliado com cama, estante, escrivaninha, internet, ar condicionado, fogão, geladeira, telefone, interfone, máquina de lavar e secar; além de banheiro com chuveiro e banheira. O aluguel sai por ¥45000 (equivalente a, mais ou menos, R$ 900,00), mais despesas de água e luz. Ainda segundo as informações da universidade, o trajeto entre o TIEC e o campus do TokyoTech (em Ookayama, veja no mapa anterior) sai por ¥410 (~ R$ 8,00), o que daria um gasto semanal de aproximadamente 4100 ienes [80 reais] com transporte (16200 ienes [320 reais] mensal, sem contar saídas fora de rota e finais de semana) - mas acho que deve ter algum tipo de bilhete de estudante por lá: procurarei maiores informações e posto aqui depois.

Bom, por enquanto é só. Burocraticamente falando, preciso preencher os papéis do dormitório - enviados como anexo no email da universidade - e enviá-los de volta até dia 10 de fevereiro; com cópias do meu passaporte, do visto e da confirmação de aceitação da universidade, se possível. A confirmação ainda não chegou e eu preciso dela para tirar o visto no consulado, então não poderei mandar os dois últimos itens por enquanto.

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Deixo aqui como despedida desse post uma foto da nossa formatura do Koshukai, ontem a noite. Foi realmente uma experiência única.

一緒だったら、きっと晴れるよ!B2001! ;)

sábado, 8 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Koshukai

Bom, o koshukai apenas começou e já deu pra deixar ótimas impressões.
Não vou entrar em detalhes aqui sobre como ele é, porque acho que a surpresa é o elemento mais importante para apreciá-lo. Vou só falar em linhas gerais.

Primeiro, os senpais, 先輩 ("veteranos") - ex-bolsistas -, são extremamente prestativos e legais! No koshukai a gente conhece os futuros bolsistas (ou os que já têm bolsa e vão agora, ou os "ouvintes", interessados em saber mais sobre os processos seletivos que dão bolsas e sobre a vida de bolsista em geral), os chamados 'kouhais', 後輩 ("bixos"). Todos também são super legais, e aos poucos vamos nos conhecendo mais e mais com as atividades. Tem gente de todas as áreas possíveis: desde Engenharia até Moda; nas diversas modalidades de bolsa que são oferecidas (tem as bolsas das províncias - administradas pelos respectivos kenjinkais, confederados da Kenren -, as chamadas bolsas kenpi: kenpi ryuugaku e kenpi kenshuu; as bolsas da JICA; do MEXT; e da Nippon Zaidan), e com destino às várias províncias japonesas: de Hokkaido a Okinawa.

Os senpais apresentam os diversos aspectos da cultura japonesa, dão dicas de comportamento, de viagens; dividem experiências que tiveram por lá e organizam uma série de atividades de integração para irmos nos conhecendo mais - afinal, seremos um grupo quando estivermos no Japão. :)

Bom, essas foram minhas primeiras impressões. Amanhã teremos uma saideira (飲み会, nomikai) de sexta-feira ao melhor estilo nipônico: virando a noite num karaokê! Banzai!!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Começando...

Olá! =)

Bom, para quem não me conhece, me chamo Bruno; sou químico (com mestrado em Engenharia Química) e resolvi escrever esse blog, por sugestão de amigos e parentes, para documentar minha viagem de estudos pro Japão. Pra resumir a história, fui aprovado num processo seletivo do ministério da educação do Japão (MEXT, 文部科学省) e fui contemplado com uma bolsa de estudos pra fazer meu doutorado por lá (via consulado geral em São Paulo), e pretendo relatar aqui as experiências de morar e estudar na terra do sol nascente.

Vou começar explicando um pouco do processo dessa bolsa que consegui. Ele consiste, basicamente, de 7 etapas:

1. Inscrição
2. Prova de idiomas
3. Entrevista
4. Aprovação pela banca do consulado
5. Aceitação do professor-orientador
6. Aprovação pelo MEXT
7. Aprovação pela universidade

No meu caso, fiquei sabendo da abertura do processo seletivo através de um cartaz que vi na minha escola de Japonês (Aliança Cultural Brasil-Japão, que recomendo fortemente), de conversas com meu amigo de lá (Hey, Paulo-san!), e do email institucional que nós alunos da USP recebemos semanalmente com novidades sobre bolsas de intercâmbio.

Para se inscrever é necessário preparar um projeto de pesquisa (cujo nome mais apropriado, a meu ver, seria "proposta de trabalho") que verse sobre um tema relevante que justifique ser estudado no Japão e que traga resultados importantes para ambos países. No meu caso, preparei um projeto que mescla o assunto do meu doutorado daqui do Brasil com um tema atual que julgo ser importante para futuros avanços na linha de pesquisa que venho seguindo (disponível aqui, para quem tiver curiosidade) e que tem sido desenvolvido por pesquisadores japoneses.

Depois vêm as provas de Japonês e Inglês (e aí vale a maior nota, okagesamade!). Se não me engano, tirei 98% na de Inglês e 10% (oops!) na de Japonês (obs.: a meu favor, tenho a dizer que estava fazendo ainda o primeiro módulo do básico! Depois de seis meses, fiz outra prova no consulado e consegui 58%! =D). No meu ano (2011) haviam 14 vagas, e chamaram 34 pessoas pra entrevista (dos 172 concorrentes).

A entrevista é meio tensa. Há uma banca com cerca de oito professores universitários de diversas áreas do conhecimento e universidades, com toda sua documentação e seu projeto em mãos, sentados em mesas dispostas num semi-círculo. O candidato se senta no meio, onde pode ser avaliado pelos professores e mais dois assistentes que observam atenciosamente sua postura.

Passada essa etapa tensa, os 17 (14 + 3 suplentes) aprovados pela banca examinadora têm a não menos tensa missão de conseguir cartas de aceitação de professores-orientadores de universidades japonesas, em um mês! Se o candidato já conhecer alguém, é mais fácil. Senão, tem que penar! O ideal são três cartas de aceitação de universidades diferentes, que o candidato lista em ordem de preferência - mas isso é consideravelmente raro de acontecer (pelo que conversei com meus colegas). Eu consegui aceitação de um professor do Tokyo Tech, (Instituto de Tecnologia de Tokyo, 東京工業大学), meu futuro orientador, e de um professor da Oosaka Prefecture University (大阪府大学). Tentei com um professor da Universidade de Kyoto, mas não obtive resposta.

A aprovação pelo MEXT sai por volta de novembro, e lá para janeiro já se tem o resultado da Universidade. Meu orientador da Tokyo Tech já me informou por email que está tudo acertado por lá. =)

Como vou fazer doutorado por lá, preciso de mais algumas coisinhas adicionais; uma delas é fazer um TOEFL-iBT (Test of English as a Foreign Language, internet Based Test), OU um TOEIC (Test of English for International Communication), que é o que devo fazer - mais barato, mais perto e menos trabalhoso. Mas isso é requisito da Tokyo Tech, não tem nada a ver com a bolsa do MEXT.

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Amanhã (hoje, na verdade) começa o Koshukai - um curso intensivo promovido pela ASEBEX (Associação Brasileira de Ex-Bolsistas no Japão) que visa preparar os futuros bolsistas para a vida nipônica. Ouvi ótimas recomendações, e acho que preciso de um desses. Além dos benefícios informativos óbvios, ainda parece ser uma ótima chance de conhecer o pessoal que vai para lá, os brasileiros com quem provavelmente terei mais contato e os possíveis companheiros de desbravamento de terras estranhas. =)